O Luto

Um trabalho de Sandra Rodrigues


Obter ajuda quando está a sofrer

Quando alguém que amamos morre, temos de sofrer se queremos recuperar a nossa capacidade de amar. Por outras palavras, sofrer leva à recuperação. Mas a recuperação também requer suporte e compreensão de todos à sua volta assim como de aceitar a sua própria dor e perca.

Talvez a coisa mais compassiva para si próprio nesta altura difícil seja obter ajuda dos outros. Pense nisto desta maneira: o luto pode ser o trabalho mais difícil que alguma vez fez. E o trabalho difícil fica menos pesado quando outros dão uma mãozinha. A vida é o maior desafio – são muitos esforços – começa com a escola, educando crianças, seguindo a carreira – são muitos esforços de equipe. O mesmo se passa com o luto.

Este artigo foi escrito para o ajuda a procurar um conselheiro ou um grupo de suporte. Partilhando a sua dor com os outros não a fará desaparecer, mas irá, contudo, torná-la mais suportável. Procurar ajuda também é uma forma de ligá-lo a outras pessoas e a fortalecer a união de amor que faz com que a vida vala a pena ser vivida novamente.

Onde Procurar Ajuda

“Fortalecemo-nos juntos”, pode-se dizer. Outras dizem, “Unidos continuamos, divididos caímos”. Se está em aflição, na verdade pode fortalecer e sentir a estabilidade se se deixar ajudar num sistema de suporte de ajuda.

Frequentemente, os amigos e membros da família podem ser o pilar do seu sistema de apoio. Procure pessoas que o encorajem e reconheçam os seus pensamentos e sentimentos sobre a morte. O que precisa é que se preocupem, que sejam ouvintes sem julgar.

Também pode encontrar conforto com um padre ou outro representante da Igreja. Quando alguém que amou morre, é natural que se sinta ambivalente relativamente à sua fé e, mesmo, que se questione quanto ao significado da vida. Um membro do Clero que não critique mas que mostre empatia pelos seus sentimentos pode ser um recurso valioso.

Um conselheiro profissional pode ser também uma ajuda preciosa no seu sistema de apoio. Na realidade, um conselheiro profissional pode ser algo que os seus amigos e familiares não podem ou não conseguem: um ouvinte objectivo. O consultório de um conselheiro pode ser aquele porto seguro e forte onde pode deixar sair todos os seus sentimentos que tem medo de expressas. Mais, um conselheiro, pode ajudar a canalizar construtivamente essas emoções.

Para muitas pessoas que passam pela situação do luto, os grupos de apoio são os melhores recursos de ajuda. Em grupo, pode estar com pessoas que tem a experiência de pensamentos e sentimentos semelhantes. Permite-lhe e será encorajado a falar da pessoa que morreu o tempo que quiser.

Lembre-se, a ajuda vem de diferentes formas para pessoas diferentes. O truque é encontrar a combinação que melhor funciona consigo e fazer uso dela.

Como Encontrar Um Bom Conselheiro

Encontrar um bom conselheiro par o ajudar no processo de luto, às vezes, não é tarefa fácil. Uma recomendação de alguém em quem confia é provavelmente a melhor forma de começar. Se essa pessoa teve uma boa experiência com um conselheiro e se pensa que também você trabalharia bem com esse conselheiro, então comece por aí. No final das contas, só você pode determinar se esse conselheiro particular o pode ou não ajudar.

Se a recomendação do seu amigo não resulta, tente um método de procura mais formal. Os seguintes recursos podem ser úteis:

O hospital local, pode ter um conselheiro que poderá estar disponível para trabalhar consigo;
Um grupo de auto-ajuda no luto, normalmente, mantém uma lista de conselheiros especializados em terapia do luto;
O seu médico de família pode indicar-lhe um especialista em situações de perda;
Uma informação e um serviço de indicação, tal como um centro de intervenção de crises, mantêm uma lista de conselheiros especializados no trabalho de perda;
Um hospital, uma agencia de serviço à família e/ou uma clínica de saúde mental, também mantêm uma lista de indicação.

Enquanto está a decidir se um conselheiro particular é bom para si, deve confiar nos seus instintos. Pode sair da sua primeira sessão de aconselhamento sentindo empatia com o seu conselheiro. Por outro lado, pode levar várias sessões até formar a sua opinião.

Como Encontrar Um Grupo de Apoio

O slogan dos Amigos Compassivos, uma organização internacional de pais despojados, diz “não precisa de caminhar sozinho”. Provavelmente, descobrirá , se não descobriu ainda, que pode beneficiar através da comunicação com outras pessoas que também tiveram uma morte de alguém querido nas suas vidas.

Grupo de apoio onde as pessoas se juntam e partilham as suas experiências comuns, pode ser uma ajuda inestimável na recuperação. Nestes grupos, cada pessoa pode partilhar o seu percurso de sofrimento numa atmosfera segura, não ameaçadora. Normalmente, os membros do grupo são muito pacientes consigo e com a sua aflição e entendem a sua necessidade de apoio após a actual morte.

Para encontrar um grupo de apoio na sua área de residência recorra ao seu centro de saúde, hospital, agência funerária ou Câmara Municipal para informação sobre auto-ajuda.

Lembre-se que um grupo de apoio pode ser apenas um elemento do seu sistema de suporte. Algumas pessoas necessitam de um conselheiro e também de um grupo de ajuda.

Como Saber Se Encontrou Um Grupo de Apoio “Saudável”

Nem todos os grupos de apoio serão de ajuda para si. Às vezes, o grupo dinâmico torna-se não saudável por uma ou outra razão, veja os seguintes sinais de um grupo de apoio saudável: 1. Os membros do grupo reconhecem que a dor de cada um é única. Respeitam e aceitam o que os membros do grupo têm em comum e o que é único em cada pessoa.
2. Os membros do grupo compreendem que esta dor não é uma doença, mas um processo normal sem tempo pré-estabelecido.
3. Todos os membros do grupo sentem-se livres para falar dessa dor. Porém, se alguém decidir apenas ouvir e não partilhar, essa decisão é respeitada.
4. Os membros do grupo compreendem a diferença entre uma pessoa que escuta activamente o que outra diz e a pessoa que está a expressar a sua própria dor. Fazem um esforço para não interromper quando alguém está a falar.
5. Os membros do grupo respeitam o direito dos outros à confidencialidade. Pensamentos, sentimentos e experiências partilhadas no grupo não serão tornadas publicas.
6. A cada membro do grupo é atribuído um tempo igual para falar, ninguém monopoliza o tempo do grupo.
7. Os membros do grupo não dão conselhos a menos que lhes seja pedido.
Os membros do grupo reconhecem que os pensamentos e os sentimentos não são nem centos nem errados. Ouvem com empatia os pensamentos e sentimentos dos outros sem tentarem mudá-los.

Avaliação do Seu Progresso

O seu percurso de luto não será rápido e fácil. Frequentemente, sentirá que está a recuar e não a avançar. Mas a reconciliação da dor exige que continue a trabalhar nessa mudança.

Existem seis principais necessidades que as pessoas despojadas de um ente querido devem seguir na reconciliação da sua dor.

O importante é perceber que de uma maneira ou de outra, estará a progredir no sentido da recuperação ao reconhecer essas necessidades.

Reconheça a realidade da morte

Se a morte foi subida ou antecipada, o reconhecimento dessa realidade pode levar semanas ou meses. Pode mover-se entre protestar e reconhecer a realidade da morte. Pode tomar consciência através dos rituais de morte ou no confronto de recordações, ambos bons e maus. É como se cada vez que fala disso, se torne cada vez mais real.

Oriente a dor da perda

Expressar os seus pensamentos e sentimentos relativamente à morte com toda a sua intensidade é difícil mas uma necessidade importante. Provavelmente, descobrirá se precisa dosear ao expressar a sua dor. Por outras palavras, não pode ou não deve fazer isto de uma só vez.

Continue a sua relação com a pessoa que morreu através das memórias

Abraçar as suas memórias – as felizes e as tristes – pode ser um processo lento e, muitas vezes, um processo doloroso que se faz em passos pequenos. Mas lembrar o passado cria esperança para um possível futuro.

Desenvolva uma nova auto-identidade

Parte da sua auto-identidade foi construída através das relações que tem com os outros. Quando alguém com quem tem uma relação morre, naturalmente a sua auto-identidade muda. Muitas pessoas descobrem que à medida que avançam no processo de luto alguns aspectos das suas auto-identidades mudaram de forma positiva. Pode sentir-se mais confiante ou mais aberto aos desafios da vida, por exemplo.

Procure significado

Quando alguém que ama morre, naturalmente questiona o significado e propósito da vida. Colocar termo a essas questões é outra das necessidades que terá de satisfazer para progredir no seu processo de luto. Caminhe a seu tempo reconhecendo que precisa de sofrer e encontrar o significado da sua vida, porque mais cedo ou mais tarde a recuperação acontece.

Continue a receber apoio de outros

Nunca deixará de precisar do amor e apoio dos outros porque a sua dor nunca acabará. À medida que aprender a reconciliar a sua dor, verificará que com menos frequência necessitará de ajuda. Assim, não precisará de um conselheiro para sempre, mas precisará sempre dos seus amigos e familiares para o ouvirem e apoiarem no seu percurso de dor. Os grupos de apoio podem ser outro recurso de ajuda a longo prazo.